Virgilio na recuperação do Teatro Ana Pereira em 2010
Virgílio Morais, 76 anos, natural de Lisboa, veio morar para
Alenquer com os ventos de mudança de 1974. Fundador da Isina, Fábrica de
Malhas, é um homem de esquerda, várias vezes candidato à Câmara Municipal de
Alenquer e fundador do Grupo 5 de Alenquer da Associação de Escoteiros de
Portugal.
Residindo na Vila Alta, rapidamente se fez sócio da Liga dos
Amigos de Alenquer, vindo a pertencer à Direção da mesma pela primeira vez em
1981. Tendo privado com muitos dos que fundaram a coletividade, em 1958, este «histórico»
conta-nos que a Liga surgiu de um clube de elite, o Clube da Vila Alta, onde uma
certa sociedade gostava de vir jogar cartas. Em 1958 constituiu-se a Liga dos
Amigos de Alenquer, com a ideia de servir de base às Festas de Alenquer, como
um clube recreativo.
Atraído para a coletividade pela possibilidade de fazer teatro,
viu o Teatro Ana Pereira ainda no seu esplendor original, começando a assistir
em 1989 ao início da sua derrocada. “Fez-se um pedido ao Governo Civil para
recuperação do Teatro. O pedido foi aceite mas o então provedor da Santa Casa
da Misericórdia de Alenquer, proprietária das instalações da Liga, interpôs uma
cláusula a exigir que fosse ele a dirigir as obras e a gerir a verba, o que
acabou por acontecer.”
Iniciadas as obras do telhado no Inverno, o Teatro ficou a
céu aberto e sem qualquer proteção, tendo chovido lá dentro durante três meses,
o que deixou em ruínas a pintura e arquitetura. “O teto acabou por ser colocado,
mas o resto já estava em muito mau estado.”
A degradação do Teatro foi decorrendo e o início da
recuperação começou ao fim de vinte anos, em 2010, ano de arranque das obras,
com 3 mil euros. “Sabíamos que não era muito mas havia a esperança que, após o
primeiro passo, se conseguisse ir dando os seguintes.”
Depois de 23 mandatos na Direção desta coletividade, Virgílio
retirou-se no início de 2013, mantendo ainda funções nos órgãos sociais, como
Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Das várias Direções pelas quais passou,
recorda que foram sempre muito ativas a fazer remodelações mas sem ideias do
que deveria ser uma coletividade de cultura e recreio. “Não sabiam o que era
cultura. Achavam que era só pintar as instalações. A cultura é ter um espaço
agradável para ter condições para uma atividade mais edificante. A cultura
ganha-se. Conquista-se.”
Em 2011 assinou o protocolo com a Trupe de Teatro «Os 4 e o
Burro», que o satisfez, sentindo que tinha conseguido captar para o “seu”
espaço alguma atividade cultural. Mas, para si, os tempos já eram de mudança. “Sentia
a cadeira quente. Percebi que tinha de conseguir trazer pessoas com ideias
novas e outros vislumbres do que pode ser a coletividade. Mas não sabia como é
que os havia de enganar… (risos) Agora vejo estas sete pessoas que cá deixei e
penso: Epá! Eu consegui enganar estes gajos todos!”
De saída, deixa a quem o sucede a máxima que caracteriza a
sua esperança na nova geração: “Hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que
hoje!”
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